Embora ainda existam deficiências no controle farmacológico da Doença de Alzheimer, dispõe-se, atualmente, de drogas largamente utilizadas e prescritas que podem apresentar algum grau de evolução cognitiva durante o tratamento. Para discutirmos os medicamentos de primeira escolha para tal patologia, é necessário compreender um pouco o funcionamento da acetilcolina, um dos primeiros neurotransmissores identificados. Trata-se de uma substância relacionada a memória sendo, ao ser expelida, degradada rapidamente pela acetilcolinesterase. Devido a essa intrínseca relação com a memória, fármacos passaram a objetivar impedir a quebra desse elemento. Desse modo, ele poderia exercer por mais tempo suas funções, melhorando, teoricamente, os sintomas do Alzheimer. Assim, surgiram os agentes inibidores da acetilcolinesterase. Dentre eles, e considerados os medicamentos mais efetivos para tal patologia no momento, estão o donepezil, rivastigmina e a galantamina (6, 7). Ambos são embasados por diversos estudos que afirmam que atuam favoravelmente na função cognitiva, comportamental e no estado clínico geral. Além disso, o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de 21 de novembro de 2013 preconiza tais drogas, sendo a ordem prescrita um critério pessoal do médico assistente. Muitos pacientes queixam-se de transtornos gastrointestinais, como náuseas e vômitos, ao utilizar continuamente tais medicamentos. Desse modo, surgiram as versões transdérmicas em forma de patch. O PCDT não aconselha tal via de administração pelo fato da eficácia clínica ser semelhante às versões orais (4). Todavia, não está sendo discutida a resposta sintomatológica dos pacientes, mas sim a ocorrência de efeitos adversos. E ensaios clínicos randomizados são enfáticos ao concluir que, realmente, os patchs são uma alternativa viável e indicada em indivíduos com comprovada intolerância aos fármacos via oral (5). Outro fármaco desse grupo é a tacrina. Porém, por ser de difícil posologia e apresentar relação com alterações hepáticas, não vem sendo muito prescrita. Os inibidores da acetilcolinesterase possuem atuação mais intensa em casos de Alzheimer leve e moderado.
Um outro medicamento mecanismo de ação diferente, também é largamente prescrito para tal patologia. Trata-se do antagonista dos receptores do N-metil-d-aspartato (NMDA). A memantina é um adversário de tal receptor, que bloqueia o glutamato, reduzindo seus efeitos tóxicos. No Brasil, existe grande discussão quanto ao uso de tal droga, visto que o PCDT não preconiza o uso de tal fármaco. Desse modo, ele não encontra-se disponível no SUS e no RENAME. Não foi avaliado pelo CONITEC, mas possui liberação de uso feito pela ANVISA. Grande parte dos estudos (1, 2, 3) conceituados não demonstrou melhora cognitiva significativa com a administração de memantina em pacientes com doença moderada a grave. Desse modo, acho interessante considerar cada caso e, ao optar pela prescrição de tal fármaco, salientar bem aos familiares a possível ausência de benefícios.
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