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Foto do escritorRafael Oliveira

Tratamento da Síndrome de Guillain Barré



A Síndrome de Guillan Barré, também conhecida por polirradiculoneurite idiopática aguda, é a neuropatia desmielinizante aguda adquirida mais comum. Clinicamente, manifesta-se com fraqueza muscular progressiva (inicia nas pernas e evolui para braços, tronco, cabeça e pescoço), com arreflexia e pico em 3 dias a 3 semanas. Geralmente, não é visto envolvimento sensitivo e os pacientes referem história pregressa recente (1 a 3 semanas anteriores) de infecção viral, principalmente por Campilobacter jejuni. Pode ocorrer envolvimento bulbar em 50% dos casos. Os sintomas tendem a resolver-se espontaneamente, dentro de 2 a 4 semanas após o fim da progressão.

O diagnóstico é dado através do exame do liquor, onde ocorre aumento habitual das proteínas após 1 semana (> 55mg/dL), podendo tal fato não acontecer nos primeiros dias o que leva à dúvida diagnóstica. As taxas de leucócitos mantêm-se inalteradas, juntamente com a glicose. Caso estejam aumentadas deve-se suspeitar de sarcoidose ou infecção por HIV. Se disponível, a eletroneuromiografia também tem o potencial de colaborar na elucidação dos casos.

Os tratamentos visam, exclusivamente, acelerar o processo de recuperação e reduzir a incidência de sequelas. Antigamente, a terapia de escolha era a plasmaferese. Entretanto, com o surgimento das imunoglobulinas (IgIV) e sua inerente facilidade de administração, seu uso corriqueiro tem sido adotado. Além disso, estudos demonstram não haver diferença no prognóstico entre os dois métodos (1, 2, 3). A prescrição concomitante de corticóides não está indicada (4, 5, 6). Portanto, embora agregue um custo um pouco mais elevado, normalmente, opta-se pela indicação de IgIV. Para estabelecer-se a terapia Hughes et al sugerem o uso da seguinte classificação (7).

0 - Saudável

1 - Sinais e sintomas menores de neuropatia. Realiza atividades manuais

2 - Caminha sem bengala. Não realiza atividades manuais

3 - Capaz de caminhar somente com suporte

4 - Confinado a cama ou cadeira de rodas

5 - Necessita ventilação assistida

6 - Morte

Casos leves (0 a 2) podem ser observados em ambiente hospitalar e casos moderados a graves (3 a 6) devem receber terapia, desde que isso ocorra dentro de 2 semanas após o início dos sintomas. Não existem evidências de que a imunoglobulina seja eficaz em casos leves e quando iniciada após a quarta semana. A dose recomendada é de 0,4g/kg/dia durante 5 dias, infundindo em 4 horas.

Assim, trata-se de uma patologia corriqueira na prática clínica que, com os cuidados adequados apresenta um ótimo prognóstico.


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